quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Preconceito - o pesadelo à mesa

O que me inspirou a escrever esse post foi um episódio que aconteceu comigo ano passado e desde lá estou para contar a vocês...

A maioria das pessoas tem algum preconceito ou detesta algum tipo de comida, seja ela feita com jiló, insetos, carnes exóticas, cobras ou lagartos. Acho que o mais incomum é uma pessoa comer e gostar de tudo, não é? Eu posso provar qualquer tipo de vegetal, já comi coisas como cactus, fungos de milho e provei temperos estranhérrimos e ruins como o sal negro indiano, mas tenho dificuldades com comidas de origem animal.

O meu maior problema são os miúdos!! Na verdade não os como de jeito nenhum, não gosto do gosto e nem do cheiro de ferro ou de outras coisas que partes de animais como o fígado exalam. Minha mãe não gosta, meu pai não gostava e nunca fui incentivada a provar, cresci achando que essas partes "menos nobres" eram nojentas. O único prato que comia quando ciriança feito com miúdos era patê de fígado, mas acho que quando me dei conta do que era desisti! Tem gente que fica com nojo quando falamos sobre as outras necessidades fisiológicas à mesa, eu não posso ouvir falar em miúdos que a comida trava na garganta!! Eu tento relaxar, tento disfarçar, mas o preconceito é mais forte do que eu e não como mais com tanto prazer.

Acho que prefiro comer uma farofinha de tanajura a um foie gras! Não que eu não tenha um certo nojo de formiguinhas e gafanhotos mas tenho tanto horror à miúdos que acho os insetos bem mais apetitosos...

Lembro de quando passei uns tempos à trabalho na Arábia Saudita! No restaurante do hotel o prato que nunca faltava no buffet em diversas preparações diferentes era cérebro de carneiro. A aparência é boa, mas o cheiro é enjoativo e todo o hall do hotel cheirava a cérebro, ao final da estada eu tinha de passar por lá com o nariz tampado! kkkk Tem gosto de que? Não faço a mínima ideia.... Já um amigo vivia elogiando um "franguinho" maravilhoso que o hotel preparava kkkkk! Quando ele descobriu o que era parou de comer na hora e não pediu mais!! Preconceito puro, afinal estava gostoso e ele havia comido várias vezes antes!! Ainda me lembro do cheiro do hotel que até hoje me arrepia, mesmo depois de muitos anos. Também lembro do cheiro do refeitório do hotel onde trabalhei aqui no Rio quando serviam dobradinha, eu tinha que almoçar na rua!

Bem, enfim vou contar a estória do ano passado!! Fui a um restaurante muito bom em Denver/EUA à convite de um amigo americano. Ele perguntou se poderia pedir umas entradas de que ele gostava muito para nós provarmos. Já fiquei preocupada mas disse que sim, afinal ele era o anfitrião! Para meu horror, que disfarcei muito bem com um sorriso amarelo, ele pediu foie gras (socorro!), tartare de atum (não como carne crua) e um outro prato chamado de "sweetbread". Eu sabia que "sweetbread" era algum tipo de muído mas não me lembrava qual! A memória me ajudando a não passar um vexame completo... Os pratos chegaram muito lindos e o "sweetbread que eu não lembrava o que era" veio super cheiroso em pequenas bolinhas à milanesa em um molho dourado com alguns legumes. O marido caiu de boca no foie gras e eu fiquei com uma pequena bolinha daquelas e muitos legumes... A bolinha desceu um pouco quadrada porque eu não conseguia parar de pensar no que seria, mas estava deliciosa, de textura neutra, como de um nugget de frango e o sabor era do molho muito bem elaborado. Pois é, quando descobri que "sweetbread" é a palavra usada em inglês para cérebro a deliciosa costeleta de porco que eu estava comendo de prato principal quase parou na garganta e só consegui terminar o jantar com muito custo. Nem a maravilhosa torta de chocolate desceu direito, bebi mil copos de água para conseguir comer! O pior é que lembrava do gosto do cérebro como um sabor agradável, mas sabendo o que era a comida travava!!

Conclusão: o maior pesadelo à mesa não é ter de comer o que não gosta mas sim o preconceito que não lhe deixa aproveitar as boas coisas vindas da cozinha!

E você? Conta para gente qual é o seu maior pesadelo à mesa!

obs. Fui muito bem informada pela Alessandra em um comentário abaixo que sweetbread é na verdade o pâncreas e a glândula timo, que pode ser tirada do coração ou da garganta do vitelo, cordeiro ou leitão de até 1 ano. Ui, ui, ui!! Eu comi isso!!

17 comentários:

  1. Olha Andréa confesso que sou boa de boca e como tudo que o cheito me permite, mas comidas com cheiro forte não me descem de jeito nenhum.. ouyta coisa tn são as carnes ensopadas em molho.. tirando strogonoff eu detesto carnes que nadam em molho.. peixe ensopado, nem pensar!!!
    Nada como um bom grelhado ou assado!! melhor ainda se for frito! Mas fiz uma listinha de comidas que só comeria em caso de vida ou morte:

    Bacalhoada
    Dobradinha
    Miúdos em geral
    Língua
    Rabada
    Costela
    Carnes gordurosas
    Peixes de qualquer espécie mergulhados em molho
    Moqueca
    Frutos do mar quase tudo (sou extremamente alérgica) só salva siri

    Bjos

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  2. Também não gostava de peixe crú, até que um dia sobrou um pedaço de atum , e resolvi fazer uma receita de tartar do blog trivial. LOUCURA!!!
    Fiquei apaixonada, e quero fazer muitas vezes

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  3. Bom, vamos à minha lista de preconceitos gastronômicos:

    miúdos e vísceras em geral não são benvindos:
    língua, coração, rins, cérebro, testículos e afins...já o fígado sempre vai muito bem, de ganso então...hulalá!!!

    Outra coisa que não suporto, infelizmente, já que tento a todo custo,mas sem solução é comida
    japonesa, ODEIO peixe cru e qualquer coisa que tenha cheiro de algas...simplesmente não consigo engolir...

    Ah, e quiabo, quiabo também não dá!!!rsss...

    De resto, adoro todas as comidas do mundo!

    Abraço, adorei o post!

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  4. Andrea,
    Dei boas risadas com esse seu post. Lembrei do que passei na infância, quando me consideravam "nojentinho" por não aderir ao consumo de certos pratos. Como sou nordestino você deve imaginar a quantidade de iguarias com as quais tive contato ao longo da vida. Dobradinha é uma opção até agradável se comparada à Buchada (rins, figado e vísceras do bode envoltos na pele de seu próprio estómago e costurada com barbante)? Não tinha refletido sobre isso, mas devo assumir que sou um preconceituoso..rss. Até hoje não tive coragem de experimentar a tal da Buchada que dizem ser uma delícia.
    Abraço,
    Cassio Barros
    http://www.entretemperosepalavras.blogspot.com

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  5. Hehehehehe, adorei o tema. Eu tenho poucos preconceitos, e a maioria relacionado ao olfato.....não gosto de comida fedida (olha o preconceito aí, eu quis dizer com cheiro muuuito forte)...tem um queijo, que eu esqueci o nome, mas não posso nem passar perto dele, buchada de bode também é fedido que dói....daí não dá pra comer, de jeijo nenhum!!

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  6. Nossa vc foi corajosa! Eu também não consigo provar miúdos e coisas do gênero. Nessa situação acho que eu seria sem educação e não comeria de jeito nenhum!bjs

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  7. Tinha uma tia que fazia um tal de sarapatel que diziam ser ótimo, mas eu não comia de jeito nenhum. Eca! Peixe cru também não consigo encarar.
    Não tenho problemas com fígado, lingua, moela, mas é muito raro comer.

    Em viagem já tive intoxicação alimentar e nem fiquei sabendo o que causou...
    Sabe ou balot lá das Filipinas? Minha filha comeu, mas eu não comeria!
    Bjs.

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  8. Nossa amiga que situação você passou ein?! Tinha nojo mas aprendi a comer miúdos e rabada, só!
    Eu gosto de experimentar novos sabores, mas não comeria nenhum tipo de inseto ou larva por mais saboroso que fosse, nem por dinheiro nenhum no mundo. Cérebro, olho, pele, pé, dobradinha, orelha também nem pensar. Peixe ou qualquer outra carne crua longe de mim. Hehe que nojo!

    Abraço
    Gra
    www.entrecoposepratos.blogspot.com

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  9. heheheh Que bom gostaram do tema!

    Parece que os miúdos são unanimidade!! hihih Eu também não como carne e peixe cru de jeito nenhum!

    Não tenho nojo mas não gosto de frutos do mar de nenhum tipo, consigo comer em caso de necessidade e como tenho que provar ao cozinhar para os outro confesso que hoje em dia estou mais acostumada com o sabor...

    Também tenho problemas com cheiros - se não gosto do aroma fica difícil colocar na boca!

    Cassio, fizemos buchada na faculdade mas a maioria dos alunos nem ficou na aula! Eu fui "corajosa" e fiquei, mas não provei não!!!

    bjs em todos e obrigada pela visita!

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  10. Olha Andrea, eu (Jotta) sou pernambucano, a Rosley é gaúcha do Alegrete. Ela, até hoje, não encara muitas comidas típicas da minha terra, exemplo: buchada. Eu, ao contrário, praticamente "não refugo nada". Não sei se pelos hábitos adquiridos na infância e que prosseguiram na adolescência (época em que estudei na Escola Preparatória em Campinas e na Academia em Resende) quando não dava para recusar comida, ou ficava com fome. Só sei que até hoje gosto de experimentar de tudo, assim, acho que não tenho preconceitos. Abraços!

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  11. Nossa menina eu passo por sem educação mas não consigo comer nada que meu estômago não aceite.
    Eu não como carne crua, miúdos, bacalhau, atum, nem sardinha...e nada, absolutamente nada que vá ovo cru. Tenho parentes que tiveram salmonela por causa do ovo cru e não como nem por decreto.

    Uma vez, eu comecei a namorar um garotinho e ele me levou na casa dele para almoçar. Bom, cheguei lá a mãe dele tinha feito bacalhoada. Me servi de arroz e salada e sentei comer. Aí ela ficou olhando, olhando e perguntou se eu não ia pegar o bacalhau. Agradeci de todo o coração e disse que eu não conseguia comer bacalhau, mas que eu não tinha luxo nenhum e que pra mim o arroz e a salada já eram um banquete!
    Ela quis por toda vida fritar batata, ovo, mas eu não deixei, e sinceramente a refeição estava deliciosa!

    =)
    Beijos

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  12. Adorei o post! Adoro experimentar coisas diferentes e se não gosto na primeira vez tento uma outra para ter certeza. Então acho que tenho poucos preconceitos: não gosto de receitas que levem sangue (sarapatel, galinha ao molho pardo mas já comi), insetos e larvas nem pensar, qd morei no Pará nunca tive coragem de comer jabuti, é muito feio... rs
    Mas o que não gosto realmete é comida mal feita, aí nem a melhor coisa do mundo desce, não dá pra engolir!!
    bjs

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  13. Hmmm.. Não quero deixar você com mais nojo do que já ficou de ter comido sweetbreads, mas descobri semana passada, assistindo ao Food Network, que não é cérebro (eu tinha essa mesma idéia!). Sweetbreads é o nome que se dá ao pâncreas e à glândula timo, que pode ser tirada do coração ou da garganta do vitelo, cordeiro ou leitão (até 1 ano). Igualmente (ou ainda mais) nojento! Segundo a Epicurious, a do coração é a mais "gostosa" e delicada..

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  14. Olá Andréia, vim te convidar para participar do meu 1º sorteio do Aroma Doce. Ficaria muito feliz com sua participação. Bjinhos Bárbara do Aroma Doce

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  15. Hmm, eu sou praticamente uma draga, como tudo o que vem pela frente.. Mas algumas coisas tipo carnes exóticas ou alguns cortes de carne de porco não como nem amarrada!

    Beijão!

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  16. Alessandra,
    hehehehe O anfitrião que nos disse que era cérebro(e como já tinha lido em algum lugar sobre isso acreditei), alguns americanos no restaurante também não sabiam o que era! hahahah Olhei no dicionário que tenho aqui e é isso mesmo... Mas sabe que de certa forma me dá menos nojo!? Talvez por não conseguir imaginar um glândula, nunca vi uma crua! ECA! Por isso que não senti aquele cheiro horroroso de miolos! kkkkk
    bjs e obrigada pela informação!

    Gente que prova de tudo: Eu INVEJO vocês!!!!

    bjs em todos

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  17. Buchada, jiló, quiabo, moela, fígado, língua, disso tudo eu gosto.. agora não me desce pé de frango, pé de porco, rim de boi, bago de boi e miolos de qualquer tipo não me descem de jeito nenhum!

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Oba!! Comentários bem temperados são sempre benvindos!

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